Anastásia 2023 ou: A Doida que desconhece DNA

Compartilhe este artigo!

Inimigos sanguinários da Revolução, foram devidamente justiçados, Stalin matou foi pouco! – ass: Nós, o povo soviético.

Vou começar contando uma informação que pouca gente conhece: Não foi a Revolução Comunista de outubro de 1917 que depôs o Czar. Quando os Bolchevistas depuseram o Governo, Nicolau II já não tinha nenhum poder, nem simbólico, o que torna os acontecimentos posteriores mais cruéis ainda.

O Tsar havia renunciado em 2 de Março depois da 1ª Revolução, em Fevereiro. Incapaz de manter o poder, for forças dos bolcheviques, Mencheviques e outros grupos socialistas, Nicolau II renunciou em 2 de Março de 1917, deixando o poder para seu irmão, o grão-duque Miguel Alexandrovich, que disse “eu heim!” e se negou a aceitar o pepino, encerrando ali a dinastia dos Romanov.

Nicolau II, assinando a renúncia, deve ter pensado que “o pior já passou”.

Foi criado um governo provisório que se tornou uma rara unanimidade: Ninguém gostava deles, o que fortaleceu os bolcheviques ao ponto de em Outubro lançarem a “verdadeira” revolução, reescrevendo a História e chamando a de Fevereiro de “revolução burguesa”.

Desde Fevereiro a família do Czar estava presa no Palácio Alexander, perto de São Petersburgo, onde eram razoavelmente bem-tratados. Em agosto eles foram transferidos para Tobolsk, na Sibéria, mas logo as condições pioraram. Agora a família real estava confinada em uma casa em Yekaterinburgo, com guardas armados, revistas diárias e comendo rações militares.

Os guardas e funcionários eram instruídos a só se dirigir a eles pelos nomes, sem títulos. As janelas foram lacradas e tampadas com jornais. Só havia um pequeno basculante para ventilação.

A Casa Ipatiev, onde a família ficou confinada.

Na meia-noite do dia 17 de julho de 1918, os Romanov foram acordados, ordenados a se vestir pois seriam transportados para uma nova localização. A família foi levada para um porão, onde esperariam o caminhão que os transportaria, mas ao invés disse foram surpreendidos por vários soldados da polícia política de Lênin.

Yakov Yurovsky, o comandante da operação, explicou rapidamente que o Comitê Revolucionário havia decidido executar Nicolau II e toda sua família. O Czar teve tempo apenas de perguntar “O quê? O quê?” antes de ser atingido por três tiros no peito, disparados por Yurovsky.

Em seguida Olga, a filha mais velha, foi alvejada por um tiro certeiro na cabeça. Os outros membros do esquadrão de extermínio começaram a disparar, a ponto de encher o porão de fumaça, vários minutos se passaram até que fosse possível ver algo. Os soldados então foram verificar e descobriram que algumas das crianças ainda estavam vivas.

Nos espartilhos das meninas haviam costurado jóias da família real, que não haviam sido confiscadas pelos bolcheviques. Essas jóias serviram como uma espécie de colete à prova de balas, e as crianças estavam feridas, mas vivas.

Tatiana e Olga, trabalhando como enfermeiras em 1914.

Os comunistas então as atacaram com baionetas, e finalizaram uma a uma, com tiros na cabeça. Era o fim dos Romanov. Naquela sala, uma família assassinada por um Estado Secreto, um crime que só seria reconhecido em 1929, até então os soviéticos negavam, desconversavam e mentiam sobre o destino dos Romanov.

Mortos jaziam:

  • Nicolau II – 50 anos
  • Alexandra Feodorovna – a Imperatriz consorte – 46 anos
  • Olga Nikolaevna – 22 anos
  • Tatiana Nikolaevna – 21 anos
  • Maria Nikolaevna – 19 anos
  • Anastasia Nikolaevna – 17 anos
  • Alexei Nikolaevich – 13 anos

Os corpos foram levados para fora da cidade, soldados molestavam as mulheres atrás de jóias escondidas, há relatos de dois que levantaram a saia da imperatriz e enfiaram dedos em sua vagina.

Chegando no meio da floresta, as roupas de todos foram removidas e queimadas, os corpos jogados em um fosso e desfigurados com ácido sulfúrico, depois foram enterrados com granadas e terra.

Segundo a turma do Stalin matou foi pouco, foi merecido, mas cada um com seu cada um.

Desse horror todo surgiu uma história de esperança. Uma lenda urbana entre a população falava que as jóias haviam protegido a Princesa Anastásia, que teria fugido com ajuda de um soldado que havia se apaixonado por ela.

Rendeu até um desenho.

Com o tempo essa história cresceu, e começaram a aparecer várias Anastásias. Nadezhda Vasilyeva foi a primeira. Em 1920 ela foi presa na Sibéria, tentando ir para a China. Ela alegou ser Anastásia, chegando a escrever pro Rei George V da Inglaterra, pedindo ajuda.

Ela acabou indo parar num hospício soviético, onde morreu em 1971.

Eugenia Smith, que morreu em 1997 também jurava ser Anastásia, chegando a publicar livros de memórias e fazer palestras, mas a mais famosa das mais de 10 candidatas a Anastásia foi Anna Anderson, que morreu aos 87 anos em 1984 jurando ser a princesa russa.

Ela foi encontrada em 1920 depois de tentar suicídio pulando de uma ponte em Berlim. Acordou no hospital falando com sotaque russo, e se dizendo Anastásia. Ela brigou por décadas, de 1938 a 1970 na Justiça Alemã para ser reconhecida, mas no final foi decidido que não havia provas suficientes.

Em 1991 os restos dos Romanov foram escavados por arqueólogos forenses, e exames de DNA comprovaram a identidade de quase todos, mas uma das moças encontradas não pôde ser determinada com certeza se era Anastásia ou Maria, mas para tristeza dos fãs de Anna Anderson, amostras de seu DNA foram comparadas com o dos Romanov, e não bateu. Ela definitivamente não era Anastásia.

Anna Anderson

Agora, 105 anos depois dos Romanov terem encontrado seu fim nas mãos do povo do Esquerda é Amor, surge um caso que está gerando muita polêmica, mas somente entre a imprensa sensacionalista.

Em 2007 um casal de ingleses, Kate e Gerry McCann estavam visitando Portugal com sua filha Madeleine, de 3 anos. Ela foi deixada dormindo no hotel enquanto os pais jantavam em um restaurante na mesma quadra. Quando voltaram, Madeleine havia desaparecido.

Desesperados, os pais procuraram a polícia, tentaram de tudo, uma campanha internacional foi criada, mas Madeleine McCann desapareceu sem deixar traços.

Agora uma polonesa de 22 anos chamada Julia Wendel diz ser Madeleine McCann. A história está muito mal-contada. A mulher usa dois sobrenomes diferentes, diz que os pais se recusam a mostrar sua certidão de nascimento, e que não tem fotos da infância.

Ela também alega que os pais se recusaram a fazer um teste de DNA.

A tal doida que acha que é a Madeleine.

O Instagram da tal polonesa, que diz não querer chamar atenção ou ganhar followers, é literalmente @iammadeleinemccan. Os investigadores que acompanham o caso estão com uns três pés atrás, mas fora o crime imperdoável de dar esperanças ao casal McCann, não há muito drama aqui. Ao contrário da pobre Anastásia, tudo se resolverá rapidinho. Os pais de Madeleine já disseram que querem fazer teste de DNA. Update, parece que eles não querem mais, a história da doida não bate MESMO, ela seria inclusive três anos mais velha que Maddie.

Segundo sua mãe, Júlia precisa de tratamento psiquiátrico, e os pais não estão nada felizes com a atenção toda que a filha atraiu. O pior é que Júlia parece não entender que toda sua fama vai desaparecer imediatamente, assim que ela fizer o exame.

Para quem acredita que Anastásia escapou, ainda há um fio de esperança de ela estar viva, uma babuska teimosa de 122 anos. Já a tal polonesa, saberemos a verdade muito em breve.

Ciência às vezes tem o dom de estragar uma boa história de mistério…



Compartilhe este artigo!