Batman usa Windows

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No episódio The Vengeance Formulation (S03E09) de Big Bang Theory tivemos uma visão do desktop de Sheldon. Foi como se milhões de pinguins gritassem em desespero e em seguida se silenciassem. Sim, Sheldon Cooper usa Windows, Windows 7 ainda por cima.

Se serve de consolo, aquele Windows está ali por um motivo mais que justo: Dinheiro.

O nome disso é Product Placement, ou em português, Merchandising. Televisão é algo caro de fazer, e a idéia é monetizar ao máximo. Exibição de marcas quase sempre estão atreladas a contratos de publicidade. Por isso Marty McFly pede Pepsi mas em outros filmes vemos a famigerada máquina “Cola”, “Refreshments” ou a cerveja genérica “Beer”.

Em Star Trek conseguiram ir aonde nenhum merchandising jamais esteve: um futuro utópico de ficção científica, com direito a Nokia Tunes e um player MP∞ (se hoje já temos MP15 no Mercado Livre, imagine no Século XXIII).

Esse tipo de ação não era tão comum para eletrônicos, mas a tecnologia avançou o suficiente para ser viável colocar servidores Dell no laboratório de Tony Stark e não ficar algo bobo. Ao contrário do que sempre aconteceu, as interfaces dos computadores precisam ser simplificadas pelo departamento de arte, e não melhoradas, como era regra.

Netbooks, smartphones, tablets, todos são usados, dentro de contexto e rendem dinheiro. E se a Apple não quiser pagar ou ao menos fornecer os computadores, corre o risco de ter um adesivo colado em cima da maçã, como a Globo faz com quase todas as marcas. Tem coisa mais ridícula que o Gol do Rui, d´Os Normais, com a logo da VW coberta com fita?

Um fenômeno interessante é que não há mais a preocupação do passado em ser associado com os vilões. A IBM perdeu a chance de ter seu nome ligado a HAL, em 2001 por achar que ficaria ruim para sua imagem se o computador “vilão” fosse da IBM. HAL hoje é O exemplo de inteligência artificial e um dos computadores fictícios mais adorados do cinema.

Nem todo mundo compartilha desse medo, uma das ações de product placement pioneiras na área de tecnologia por exemplo foi feita com os computadores dos vilões. Estou falando de True Lies, e da cena que todo mundo comentou no cinema:

Em uma época onde todo filme usava imagens customizadas ou terminais de texto impessoais, ver a familiar tela do Windows fez as nerdaiada subir nas paredes. Era um tal de “alá! alá!” que transformou muito cinema em mesquita. A ação é comentada até hoje.

O segredo desse tipo de ação de propaganda é tornar o produto parte da cena. Não se vê o Sheldon elogiando o Windows 7, ele apenas… está lá. Os macs idem. O que não dá é parar a ação para entrar o merchandising. Em um episódio recente de 30 Rock inseriram uma cena absolutamente desnecessária onde era mostrada uma videoconferência com tecnologia Cisco. Tecnologia essa elogiada por vários personagens, que pararam a cena (já) desnecessária para falar… do produto.

Nós consumidores não pagamos por isso. Quer enfiar o merchã, enfia, mas com jeitinho. House brigando atrás de um monitor FullHD e ganhando um Dell é legal. O pessoal de 30 Rock falando de um zzzzzzz…. terminal de videoconferência? Não.

Há uma terceira alternativa, que é conseguir divulgação de graça, mas isso você só consegue se seu produto for realmente cool. Acontece com o iPhone, e aconteceu também com o Photosynth, aquela tecnologia da Microsoft de montar ambientes 3D baseados em fotos.

Um grupo de produtores de CSI estava visitando a empresa, viu uma demonstração e perguntou se podiam usar em um episódio. A Microsoft, claro, abriu sorriso de orelha a orelha, deu toda a colaboração técnica e o resultado é uma cena digna de ficção científica.


O assustador é saber que o Photosynth é aquilo mesmo.

Funciona pra todo mundo? Não, na maioria das vezes o produto é chato, sem-graça e jamais seria usado de forma espontânea. Nesses casos o melhor é apelar para a propaganda convencional.

Pode não ser tão eficiente quanto as ações de merchandising, mas são bem mais toleráveis. Um comercial ruim não ofende, um jabá descarado é chamar o consumidor de idiota.

Extrapolando para nossas novas mídias, fica o recado: Parem de contratar “especialistas” em mídias sociais e contratem criadores. Parem de mandar amostras-grátis (pros outros, pra mim podem continuar mandando) e mandem IDÉIAS GENIAIS. Quem faz boca-a-boca Cauda Longa são os leitores, eles que irão enviar o link para os amigos.

E só digo uma coisa: Link de coisa legal que vi no blog do Cardoso viaja muito mais do que link da coisa legal que o Cardoso ganhou.



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