O melhor a fazer com Donald Trump é ir além do Maluf: Estupra E mata.

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Os americanos são, compreensivelmente paranóicos com qualquer possível ameaça à vida do Presidente da República, como um monte de idiotas descobriu, ao mandar twits com ameaças de morte e ganhando uma visita de dois sujeitos de ternos pretos e caras de poucos amigos. Mesmo assim nem toda ameaça é igual.

Muito tempo atrás, quando o mundo era simples George W. Bush era um monstro que iria destruir os EUA, caçar gays, matar muçulmanos, chutar cachorrinhos, etc. Havia gente dizendo a sério que ele sequer entregaria o poder no fim do Mandato. Saiu então Game of Thrones, e entre as cabeças cortadas no primeiro episódio uma delas parecia muito com Bush. 

Os produtores confirmaram que foi uma piada sem-graça, a Casa Branca disse que foi uma piada sem-graça, e o assunto morreu. Até porque em se tratando de Game of Thrones esse é o destino mais comum.

Agora a comediante Kathy Griffin está em uma enrascada, por causa desta foto:

HUEHUEHUE EU MATEI O TRUMP ENGRAÇADÃO RI AÍ!

A reação geral foi MUITO ruim. A Casa Branca caiu em cima, a Melania disse que o filho mais novo está tendo pesadelos, pois mostraram a foto e ele achou que era de verdade. Trump disse que a imagem é nojenta, e a reação não é só de apoiadores do Presidente.

Chelsea Clinton postou no Twitter: “Nunca é engraçado brincar de matar um presidente”.

Anderson Cooper, da CNN e parceiro de Kathy Griffin também não gostou:

Os dois apresentavam o Show da Virada na CNN, e por causa da foto Kathy foi demitida. Com a água batendo na bunda ela postou um vídeo no Twitter implorando perdão, dizendo que é uma comediante, que costuma forçar os limites mas dessa vez foi longe demais.

BULLSHIT!

Bush (hoje) não é pior que Trump, como sua decapitação não gerou tanta polêmica? Será que as pessoas gostam mais do Trump? Claro que não. O problema todo não é que humor tem limite, o problema é que pra ser engraçado o humor negro precisa deixar o limite pra trás.

Vamos fazer algo muito errado, dissecar uma piada clássica:

Se você fala:

Meu avõ morreu. – não tem graça.

Meu avô morreu em Auschwitz – trágico, menos graça ainda.

Meu avô morreu em Auschwit. Caiu da torre de metralhadora dele

Se você acertar a pausa dramática entre as duas frases, deixar o silêncio desconfortável atingir o pico, o alívio causado pela conclusão gerará gargalhadas. Essa piada funciona por causa da reversão de expectativa E do exagero além do impossível de você ser tão desconexo da realidade que não percebe que seu avô sendo nazista não merece pena.

Kathy Griffin não fez uma piada. Quer dizer, tentou, mas fez o que a maioria dos comediantes liberais anda fazendo nos EUA: Humor com rancor, e aí a raiva vence e a piada sofre. Ela se convenceu que aparecer séria em uma foto segurança uma cabeça decepada era engraçado.

“Ah mas Game of Thrones fez a mesma coisa”

NÃO! Game of Thrones colocou o Bush em Westeros, em uma cena que durou segundos:

 

Não havia nenhum contexto presidencial, nenhum discurso “ele mereceu”, e convenhamos se o cara foi morto pelo Joffrey, não era tão ruim assim.

Enquanto isso aqui o Serviço Secreto dos EUA vai abrir uma investigação para decidir se Kathy Griffin cometeu crime de apologia à violência contra a figura do Presidente dos EUA. Spoiler: Sim.

Ela deveria e está sendo punida, mas seu verdadeiro crime de ódio foi se deixar cegar pelo ódio, esquecendo que o Humor é uma arma mais forte. E tem imunidade, se feito direito. Em South Park Donald Trump (não é nomeado mas é ele) vira Presidente do Canadá, e destrói o país. O Mr Garrison surta, vai atrás dele, espanca e estupra até a morte o sujeito.

Como Trey Park e Matt Stone não estão presos? Simples, EXAGERO, HIPÉRBOLE. Qualquer pessoa racional e partidários do Trump entendem que não é uma ameaça real, é uma SÁTIRA. Se você tuitar que vai matar o Presidente o Serviço Secreto vai até você. Se tuitar que vai jogar Trump num Falcon 9 e mandar pra Saturno, os agentes vão rir por um momento e pensar que realmente é uma boa idéia.

Uwe Boll, aquela criatura nefasta encerrou seu “filme” Postal com Bush e Osama correndo de mãos dadas em meio a um apocalipse nuclear.

NINGUÉM levou a sério (nem riu mas filme do Uwe Boll é assim mesmo) nem considerou implicações de traição e conluio com a Al Qaeda. Foi uma piada calcada no exagero e na hipérbole. Uwe Boll não se deixou cegar pelo ódio. E por causa disso ele foi, por uma fração de segundos, comediante melhor do que Kathy Griffin.

Humor não rima com rancor (ok, rima). Para expor o ridículo do adversário você precisa ser capaz de enxergar esse ridículo, e pessoas cegas pelo ódio tendem a levar seus adversários a sério demais. O ridículo seria sinal de fraqueza e o adversário tem que ser forte e implacável, do contrário não há mérito em derrotá-lo.

Idiotas. Não sabem que levar o adversário a sério é tudo que ele quer, e quando a gente aprende a fazer o contrário, ele já perdeu.



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